Descansar também deve fazer parte do treinamento
Parar no momento certo é essencial para a recuperação fisiológica dos tecidos. Dependendo do esporte ou atividade física praticada, as lesões tendem a afetar os músculos, tendões, ossos (no caso dos corredores, tendinites, tendinoses, condromalácia patelar e fratura por estresse), entorses no joelho e tornozelo (nos jogadores de futebol ), nos ombros (síndrome do impacto, comum entre nadadores e jogadores de voleibol), lesões no cotovelo (em tenistas). Tais lesões podem afastar o esportista dos treinos por longos períodos, gerando um descompasso em seu condicionamento físico.
É o que afirma o fisioterapeuta, especialista em terapias manuais e osteopatia, Helder Montenegro.
Lesões

“A maioria das lesões ocorre durante a realização de exercícios, sendo consequência de métodos de treinamento incorretos ou de anomalias estruturais do praticante”, afirma o fisioterapeuta.
Na definição do profissional de Educação Física, Marcos Vinícius Leitão, a ocorrência de lesões independe do tipo de atividade escolhida, já que até uma simples caminhada pode gerar problemas a curto ou a longo prazo caso a atividade não seja devidamente acompanhada por um profissional de Educação Física.
Helder Montenegro relaciona alguns esportes mais agressivos, em termos de impacto no corpo. São os de contato, os quais geram mudanças dinâmicas de direção: futebol, basquete, futebol americano, artes marciais, entre outros. Atualmente, informa, a popularização do wakeboard (onde o praticante se equilibra numa prancha puxada por uma lancha) o transformou esse esporte um dos mais lesivos.
No âmbito da fisiologia do movimento, as manobras que normalmente promovem mais lesões são as que exigem as articulações (joelhos, tornozelos e coluna lombar). Como existe um momento de neutralidade (zona neutra), isto se dá quando ocorre um grau mínimo de estabilidade involuntária.
“A fim de a cinemática articular suceder de forma correta, é sempre necessário que os sistemas estabilizadores dinâmicos, estáticos e neurais estejam em perfeito estado funcional. Caso um desses sistemas já tenha sido comprometido anteriormente ou durante o movimento articular, essa articulação será lesionada”, avisa.
Indisciplina

O fisioterapeuta adverte os esportistas indisciplinados (amadores e profissionais), sem um compromisso sério com o esporte praticado e os quais não procuram ter um acompanhamento de uma equipe de profissionais. Além de comprometer o desempenho, passam a integrar um grupo de risco (são os jovens do sexo masculino).
E quando já se está com uma lesão, o que fazer? O fisioterapeuta Helder Montenegro informa que as lesões musculares têm um tempo médio de recuperação de duas a três semanas. Já as lesões ligamentares e ósseas apresentam uma grande variedade de duração, uma vez que depende muito se o problema ter indicação cirúrgica ou não.
Admite que, tanto a fisioterapia convencional quanto a manual são importantes no processo de recuperação do atleta. No entanto, reforça que a fisioterapia manual age mais diretamente no mecanismo da lesão, tratando a causa e não apenas os sintomas decorrentes dela, o que acelera o retorno à pratica esportiva, prevenindo recidivas.
Outro perigo grande para o atleta de alto desempenho é o “over training”. O excesso de treinamento, admite o fisioterapeuta, é muito prejudicial ao rendimento do atleta, pois não permite a recuperação das fibras e células que compõem as estruturas envolvidas na prática esportiva. Isso expõe o atleta a lesões que podem, muitas vezes, afastá-lo dos treinos e das competições.
“É bom lembrar que o descanso é fundamental na recuperação fisiológica dos tecidos músculo-articulares e deve fazer parte de todo treinamento esportivo”, recomenda Helder Montenegro.
Para as pessoas que nunca praticaram esportes e decidem fazê-lo, o fisioterapeuta diz ser fundamental procurar um médico realizar uma série de exames clínicos, seguido de um profissional de Educação Física.
E lembra aos esportistas iniciantes a tomarem cuidado com os excessos: “Descanso também faz parte do treino”, destaca. Após sofrer a lesão e procurar tratamento, o tempo médio em que o esportista pode ficar sem treino, sem prejudicar seu desempenho, vai depender do tipo da lesão.
Retorno aos treinos
“Temos observado que houve uma evolução muito grande na forma como os profissionais de saúde tratam as lesões esportivas, mas a etapa do tratamento mais importante independente da técnica. É quando o atleta volta aos treinos”, explica.
Nesta fase, complementa o fisioterapeuta, “independente do condicionamento físico geral do atleta, o retorno aos treinos deve acontecer de forma gradativa, respeitando as adaptações articulares e músculo-tendíneas. Esta etapa deve ter a participação direta do fisioterapeuta, do educador físico e, principalmente, das informações verdadeiras fornecidas pelo atleta”, conclui Helder Montenegro.
Lesões frequentes

Nos Joelhos: lesões ligamentares; LCA (ligamento cruzado anterior) ocorre mais nos futebolistas; lesões nos meniscos ; artrose; lesão fêmur-patelar; e as tendinites inflamações nos tendões.
Coluna verterbral: lombalgias (dores no final da coluna); cervicalgias no pescoço; hernia de disco (deteriorização do disco intervertebral); desvios de posturas provocados pela má execução de exercícios físicos (quando se exercita mais um lado que o outro do corpo, provocando uma assimetria).
Ombros: tendinites, inflamações que ocorrem no tendão do manguito rotador; bursites (inflamações no saco que envolve as articulações); e as artroses.
Retorno
“Esta etapa conta com a participação do educador físico e do fisioterapeuta”
“Após sofrer uma lesão, o atleta deve voltar ao treino de forma gradativa”
Helder Montenegro – Fisioterapeuta e especialista em terapias manuais
Fonte: caderno viva diário do nordeste

Formado em fisioterapia pela Unifor (Universidade de Fortaleza) em 1985, Helder Montenegro é presidente da Associação Brasileira de Reabilitação de Coluna – ABRColuna, Presidente de honra por seis edições do Congresso Internacional de Fisioterapia Manual e autor do livro Hérnia de Disco e Dor Ciática que alcançou a venda de 10.000 exemplares, apenas, na primeira edição.
Desenvolveu, pioneiramente, um trabalho eficaz voltado ao tratamento das patologias da coluna vertebral, prestigiado e utilizado como referencial por muitos outros profissionais do ramo. Nestes anos de experiência com a fisioterapia e o empreendedorismo, sempre procurou incentivar os colegas fisioterapeutas de que, mesmo com os diferentes empecilhos, o trabalho poderia alcançar relevância em notoriedade. E, dessa forma, Helder Montenegro se destacou no ramo da gestão, sendo reconhecido pelo empenho e comprometimento com a fisioterapia. As palestras e conferências que ministra deram um enorme salto qualitativo à profissão que, a cada dia, expande em seu espaço no cenário nacional.
Foi um dos primeiros fisioterapeutas a chefiar o departamento médico de um grande clube do futebol brasileiro; atuou como fisioterapeuta no futebol europeu, no clube Galatasaray, na Turquia (2000); contribuiu, significativamente, para a introdução e divulgação das técnicas de Fisioterapia Manual no Brasil, como professor de pós-graduação, ministrando cursos, palestras e promovendo seis congressos internacionais, sendo dois transmitidos ao vivo, via satélite (em 2001), e outro ao vivo (em 2014) transmitido pela internet.
Participou de cursos e estágios na Europa (Podoposturologia, Osteopatia, Cadeias Musculares) e nos Estados Unidos (Maitland e Programas científicos da Chattanooga Group utlizando Eletroterapia, Mesa de tração Triton DTS, Mesa de Flexão Ergostyle e Estabilização Vertebral) firmando, então, uma parceria com este grande grupo e criando a técnica de Reconstrução Músculo-Articular da Coluna Vertebral.
CREFITO 7277/CE